quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

- A Revolução Americana: Síntese dos Antecedentes da Revolução

Para os que quiserem sistematizar os conhecimentos até aqui abordados, aqui está uma síntese dos antecedentes da Revolução Americana, em forma de esquema (é necessário clicar para ver maior).







- Revolução Americana: Reacção das Colónias (cont.)

O protesto das colónias não cessou e culminou num episódio denominado ''Boston Tea Party'', que o nosso correspondente americano descreve na sua carta.

Nova Iorque, 2 de Outubro de 1774


Caro amigo,



Tal como já lhe tinha dito em cartas anteriores, Inglaterra e as colónias estão em constante desacordo. Quando lhe disse que o Governo inglês revogou as taxas alfandegárias impostas, à excepção das do chá, disse-lhe que esperava uma rebelião. E aconteceu.
16 de Dezembro de 1773, um grupo de jovens americanos disfarçados de índios lançou ao mar a carga de chá de vários navios da Companhia das Índias. Este episodio ficou conhecido como ''Boston Tea Party'' e desencadeou a ira rei Jorge III, que mandou fechar o porto de Boston e exigiu o pagamento de elevadas indemnizações.

Fig.1 - Representação da ''Boston Tea Party''



Fig.2 - Representação da ''Boston Tea Party''

Fig.3 - Congresso de Filadélfia
Assim, reunimos, no passado mês de Setembro, o primeiro Congresso de Filadelfia que contou com a presença de representantes de todas as colónias (à excepção de Geórgia). Neste encontro poucos foram a favor da separação entre as colónias e a metrópole, afirmando que seria preferível defender os direitos coloniais negociando com o governo inglês.


Porém, começamos a organizar-nos para combater a nossa metrópole, reunindo armas, formando e treinando milícias e criando comités de correspondência. À frente desta onda de contestação, encontram-se as colónias da Virgínia e de Massachusetts, que são as mais ricas e com maior densidade populacional. À medida que o tempo passa, temos vindo a assistir a um recuo dos adeptos da reconciliação com Inglaterra e a um radicalizar das opiniões.
Com todo o dispositivo organizado posso, convictamente, afirmar que acontecimentos decisivos estão para breve. Conquistaremos a nossa liberdade ou continuaremos sob a alçada inglesa? Eu próprio me questiono...
De qualquer forma, sou a favor da liberdade e espero a vitória dos meus compatriotas.


C. C.

- Fonte:
ROSAS, Maria Monterroso, COUTO, Célia Pinto do, O Tempo da História, 2ª parte, 1ª edição, Porto, Porto Editora
www.infopedia.pt

sábado, 4 de dezembro de 2010

- Revolução Americana: Reacção das Colónias

Como foi já referido, a metrópole inglesa despoletou o descontentamento entre os territórios da América do Norte, tomando uma série de medidas que não foram bem aceites pelos colonos.
Assim, estes decidiram tomar uma atitude. 
A carta seguinte que o colono burguês enviou relata esse mesmo acontecimento.

Nova Iorque, 30 de Abril de 1770



Caro amigo,


Desde já agradeço a garrafa de vinho do Douro que, generosamente, me enviou. Devo admitir que não sei como o fez, já que, sob esta política mercantilista de exclusivo colonial é proibida a importação de produtos aí da Europa sem que estes passem por Londres. De qualquer forma, agradeço.


Tenho mantido correspondência com outros seus compatriotas e, pelas notícias que recebo parece-me que Portugal atravessa, com a sua economia nas mãos do Marquês de Pombal, um período bastante próspero! Por aqui a situação não é tão risonha. Tal como tinha previsto, os habitantes destas colónias tomaram uma atitude e a situação afigura-se negra.


Para começar, estamos extremamente desagradados por não termos representantes no Parlamento de Londres. Sendo cidadão ingleses, achamos que tal deveria acontecer. Sem representação os impostos colocados sobre nós são ilegais,prejudicam a nossa vida económica e ameaçam os nossos direitos políticos.


Decidímos, então, reunir o Stamp Art Congress em Nova Iorque, há cinco anos e chegámos à conclusão que, sem representação no Parlamento, nada nos podia ser imposto.


Algum tempo depois, no porto aqui de Nova Iorque, Boston e Filadélfia, os comerciantes começaram a boicotar as mercadorias da metrópole, contrabandeando produtos estrangeiros.


Simultaneamente surgiram associações de operários, Os ''Filhos da Liberdade'', que obrigavam os distribuidores de papel selado a demitirem-se.



Fig.1 - Representação do ''Massacre de Boston''.

Perante a nossa atitude e devido ao sangrento episódio conhecido como ''Masacre de Boston'' (primeiro confronto violento entre Inglaterra e América que aconteceu a 5 de Março: as tropas inglesas dispararam sobre colonos que, enraivecidos, se manifestavam contra os impostos), o Governo londrino decidiu revogar as taxas alfandegárias, precisamente no mês passado, à excepção das que incidiam sobre o chá. O descontentamento não podia ser maior: é que, para além destas taxas, a Companhia das Índias Orientais detém o monopólio da venda de chá e impede os nossos comerciantes de lucrar com o transporte e revenda do produto na América!


Receio, convictamente, que toda esta situação não acabe bem e se levante uma revolução ou uma guerra...
Para já, decidi manter a esperança e acreditar num recuo do Governo de Sua Majestade face às actuação que tem tido para connosco.


Seu amigo,
C. C.


P.S. - Envio-lhe em anexo alguns documentos que recolhi relativos aos Filhos da Liberdade (os textos são folhetos da associação e a imagem demonstra, claramente a sua forma de actuação). Pensei já em apoiá-los, mas considero a sua actuação algo violenta.




Fig. 2 - Folheto dos ''Filhos da Liberdade''.

Fig. 3 - Folheto dos ''Filhos da Liberdade''.





Fig. 4 - Modo de actuação dos ''Filhos da Liberdade''.




- Fonte:
ROSAS, Maria Monterroso, COUTO, Célia Pinto do, O Tempo da História, 2ª parte, 1ª edição, Porto, Porto Editora
ROSAS, Maria Monterroso, COUTO, Célia Pinto do, O Tempo da História, 1ª parte, 1ª edição, Porto, Porto Editora
Apontamentos do Caderno

- Revolução Americana: Causas e Antecedentes

Desde os finais do século XVIII (aproximadamente a partir do ano de 1770) até aos finais do século seguinte (aproximadamente 1850), verificaram-se, quer em território europeu, quer em americano, uma série de movimentos político-sociais influenciados pelas ideias liberalistas do Iluminismo. Estes denominam-se Revoluções Liberais e caracterizam-se pelo seu carácter contestatário, pelo recurso às armas e pelo facto de estabelecerem reformas institucionais, tais como:
  • O fim do regime absolutista e da sociedade estratificada;
  • A consagração dos direitos naturais do ser humano, da soberania popular e da divisão de poderes;
  • A implementação da livre iniciativa em questões económicas;
  • A libertação das nações do domínio colonial e estrangeiro.


Fig. 1 - As treze colónias inglesas
 da América do Norte.

Exemplo de um desses movimentos é a Guerra da Independência da América que ocorreu entre 1775 e 1783 nas treze colónias inglesas da América do Norte e que se caracterizou por ser um movimento cujo principal motor foi a Burguesia colonial.

Aqui encontra-se a primeira carta do colono burguês Charles, residente em Nova Iorque que relata  ao seu correspondente português os acontecimentos que levaram à rebelião dos seus compatriotas.

 Nova Iorque, 12 de Janeiro de 1768


Caro amigo,


Escrevo-lhe para o pôr a par dos recentes acontecimentos aqui na Nova Inglaterra.
Eu (e a maioria dos residentes destes territórios) estou descontentíssimo com a atitude tomada por Sua Majestade, o rei de Inglaterra.


A primeira fase das nossas discórdias residiu no término da Guerra dos Sete Anos, há cinco anos atrás. Durante este conflito, usufruímos da protecção da metrópole face às vizinhas colónias francesas e, por essa razão, estamos satisfeitos com a Coroa inglesa, que teve, inclusive, oportunidade de proceder a uma expansão dos seus territórios através da apropriação de possessões francesas (particularmente o Canadá, o vale do Oaio, a margem esquerda do rio Mississipi, algumas Antilhas, as feitorias africanas do Senegal e uma boa parte dos territórios indianos).
Assim, após o desaparecimento da concorrência francesa, vimo-nos confrontados com uma grande oportunidade de expansão para oeste, porém, o Governo londrino determinou que nenhuma nova colonização ou exploração poderá ser feita nesses territórios sem o consentimento dos povos autóctones, por recear o desencadeamento de conflitos com as nações índias.
Outra das causas que conduziu ao nosso descontentamento foi a aplicação de impostos para cobrir os elevados gastos de guerra que o Governo de Sua Majestade suportou. Deste modo, o Inglaterra impôs-nos um conjunto de taxas aduaneiras, votadas pelo Parlamento Britânico entre 1764 e 1767, que incluem impostos sobre produtos como o melaço (para produção de rum), chá, açúcar, café, têxteis, papel, vidro e chumbo, sendo que alguns destes são essenciais à economia e à subsistência dos nossos territórios. Ao mesmo tempo aplicou um imposto de selo, o '' Stamp Act'' (no ano de 1765), sobre os documentos legais e as publicações periódicas. Aqui lhe envio um selo emitido em forma de protesto por um colono, William Bradford.





Fig. 2 - Pormenor do protesto de
William Bradford.
Para que compreenda a nossa insatisfação, veja quão longe o Governo de Londres foi: aplicou a política mercantilista de exclusivo comercial e levou-a até às suas mais graves consequências! Esta consiste na obrigatoriedade de todas as mercadorias norte-americanas serem transportadas somente para a metrópole ou outras das suas colónias, enquanto os produtos europeus podem apenas ser importados através de Londres.
Contribuíram, ainda, outros factores, como por exemplo a obrigação de albergar e sustentar as tropas inglesas nos nossos territórios, facto que prejudica gravemente as nossas finanças.


As medidas que tomou o Parlamento Inglês são, a nossos olhos, um ultraje e espero que a situação se altere rapidamente. Se tal não acontecer, prevejo uma onda de protestos entre os nossos contra o Governo de Sua Majestade.


Sem nada mais de momento, despeço-me de si, caro amigo e espero receber notícias suas em breve.


Charles Carter


 - Fonte:
ROSAS, Maria Antónia Monterroso, COUTO, Célia Pinto do, O Tempo da História, 2ª parte, 1ª edição, Porto, Porto Editora

- Acerca do Blogue

Irei abordar o primeiro tema seguindo a história fictícia de uma investigação acerca da Revolução Americana, cujos historiadores descobrem uma série de textos epistolares endereçados a um português e escritas por um colono americano. Este relata a situação que viviam as colónias inglesas no século XVIII.
Toda a história, incluindo os correspondentes, é fictícia e inventada por mim, na busca de uma  melhor percepção da matéria em causa.
Peço a colaboração dos colegas de turma que queiram responder às cartas do colono ''Charles Carter'', encarnando a pele do português que as recebe, quer seja para acrescentarem alguma informação, curiosidade ou imagem, quer seja para darem a vossa opinião.