sábado, 4 de dezembro de 2010

- Revolução Americana: Reacção das Colónias

Como foi já referido, a metrópole inglesa despoletou o descontentamento entre os territórios da América do Norte, tomando uma série de medidas que não foram bem aceites pelos colonos.
Assim, estes decidiram tomar uma atitude. 
A carta seguinte que o colono burguês enviou relata esse mesmo acontecimento.

Nova Iorque, 30 de Abril de 1770



Caro amigo,


Desde já agradeço a garrafa de vinho do Douro que, generosamente, me enviou. Devo admitir que não sei como o fez, já que, sob esta política mercantilista de exclusivo colonial é proibida a importação de produtos aí da Europa sem que estes passem por Londres. De qualquer forma, agradeço.


Tenho mantido correspondência com outros seus compatriotas e, pelas notícias que recebo parece-me que Portugal atravessa, com a sua economia nas mãos do Marquês de Pombal, um período bastante próspero! Por aqui a situação não é tão risonha. Tal como tinha previsto, os habitantes destas colónias tomaram uma atitude e a situação afigura-se negra.


Para começar, estamos extremamente desagradados por não termos representantes no Parlamento de Londres. Sendo cidadão ingleses, achamos que tal deveria acontecer. Sem representação os impostos colocados sobre nós são ilegais,prejudicam a nossa vida económica e ameaçam os nossos direitos políticos.


Decidímos, então, reunir o Stamp Art Congress em Nova Iorque, há cinco anos e chegámos à conclusão que, sem representação no Parlamento, nada nos podia ser imposto.


Algum tempo depois, no porto aqui de Nova Iorque, Boston e Filadélfia, os comerciantes começaram a boicotar as mercadorias da metrópole, contrabandeando produtos estrangeiros.


Simultaneamente surgiram associações de operários, Os ''Filhos da Liberdade'', que obrigavam os distribuidores de papel selado a demitirem-se.



Fig.1 - Representação do ''Massacre de Boston''.

Perante a nossa atitude e devido ao sangrento episódio conhecido como ''Masacre de Boston'' (primeiro confronto violento entre Inglaterra e América que aconteceu a 5 de Março: as tropas inglesas dispararam sobre colonos que, enraivecidos, se manifestavam contra os impostos), o Governo londrino decidiu revogar as taxas alfandegárias, precisamente no mês passado, à excepção das que incidiam sobre o chá. O descontentamento não podia ser maior: é que, para além destas taxas, a Companhia das Índias Orientais detém o monopólio da venda de chá e impede os nossos comerciantes de lucrar com o transporte e revenda do produto na América!


Receio, convictamente, que toda esta situação não acabe bem e se levante uma revolução ou uma guerra...
Para já, decidi manter a esperança e acreditar num recuo do Governo de Sua Majestade face às actuação que tem tido para connosco.


Seu amigo,
C. C.


P.S. - Envio-lhe em anexo alguns documentos que recolhi relativos aos Filhos da Liberdade (os textos são folhetos da associação e a imagem demonstra, claramente a sua forma de actuação). Pensei já em apoiá-los, mas considero a sua actuação algo violenta.




Fig. 2 - Folheto dos ''Filhos da Liberdade''.

Fig. 3 - Folheto dos ''Filhos da Liberdade''.





Fig. 4 - Modo de actuação dos ''Filhos da Liberdade''.




- Fonte:
ROSAS, Maria Monterroso, COUTO, Célia Pinto do, O Tempo da História, 2ª parte, 1ª edição, Porto, Porto Editora
ROSAS, Maria Monterroso, COUTO, Célia Pinto do, O Tempo da História, 1ª parte, 1ª edição, Porto, Porto Editora
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